terça-feira, 27 de abril de 2010

Hidratos de carbono e Futebol

Os hidratos de carbono (ou glícidos, ou glúcidos) são parte essencial da sua dieta. Como todo o atleta, precisa de hidratos de carbono para fornecer combustível aos músculos (retardando a fadiga) e alimentar o seu cérebro (para se manter concentrado). Pode encontrar este macronutriente numa vasta diversidade de alimentos, desde cereais, frutas e vegetais até refrigerantes e guloseimas.

Apesar de os diferentes tipos de hidratos de carbono e respectivo papel no exercício serem actualmente bem conhecidos pelos cientistas do desporto, alguns atletas ainda se mostram confusos ou mal informados acerca dos efeitos metabólicos e necessidades reais que lhes permitam a máxima performance em campo.

É por isso que achei tão interessante a informação contida no capítulo 5 do livro Food Guide for Soccer: Tips and Recipes From the Pros. Neste capítulo a autora Nancy Clark clarifica algumas questões que eventualmente surgem na cabeça de qualquer atleta. Aqui fica uma pequena parte da sua lição:


1) Que quantidade de hidratos de carbono devo ingerir?


O praticante regular de futebol, com necessidades calóricas moderadas, deve ingerir cerca de 5 a 7 gramas de hidratos de carbono por kilograma, ou seja, 350 a 490 gramas num atleta de 70kg. O futebolista de alta competição, com necessidades calóricas aumentadas devido a uma grande carga de treinos e eventos competitivos deve ingerir 8 a 10g por kilograma, o que se traduz em 560 a 700 gramas de hidratos de carbono num atleta de 70kg.

Para consumir quantidades tão elevadas, é necessário que os hidratos de carbono sejam a prioridade de todas as suas refeições.

Se falhar em fazê-lo, a grande consequência em campo será a fadiga precoce que o levará a fazer menos sprints, menos dribles e provavelmente menos golos.



2) Os hidratos de carbono não engordam?


Não! Em primeiro lugar, são as calorias em excesso que engordam, não os hidratos de carbono per se. Assim, desde que a sua ingestão total não exceda as suas necessidades calóricas, não precisa de se preocupar com a quantidade de hidratos de carbono que ingere.

Em segundo lugar, calorias em excesso provenientes dos hidratos de carbono “engordam menos” do que calorias em excesso provenientes da gordura, pois o seu organismo dispende calorias (cerca de 23% das calorias ingeridas) para converter hidratos de carbono em gordura corporal. Em comparação, calorias em excesso provenientes de gorduras alimentares são facilmente convertidas em gordura corporal (gastando aprox. 3% das calorias ingeridas).

Logo, deve preocupar-se mais com um possível excesso de gorduras alimentares na sua dieta.



3) Existe alguma diferença entre os hidratos de carbono nos alimentos amiláceos (como pão, arroz, massa…) vs. os hidratos de carbono nas frutas e vegetais ou nas guloseimas?


No que concerne aos seus músculos, não existe qualquer diferença. Aos músculos não importa se comeu batatas ou rebuçados, uma vez que após a digestão ambos originam glicose, a forma mais simples de hidratos de carbono e que o músculo aproveita para gerar energia.

A diferença qualitativa entre os hidratos de carbono provenientes de diferentes fontes alimentares reside no valor nutricional dos mesmos e no impacto que podem ter na sua saúde. Por exemplo, os hidratos de carbono simples (frutose e glucose) presentes num sumo de laranja natural são acompanhados por vitamina C, ácido fólico e potássio. Já os presentes num refrigerante com sabor a laranja não são geralmente acompanhados por quaisquer vitaminas e/ou minerais; é por isso que são descritos como “calorias vazias”. Os hidratos de carbono complexos (amido) presentes num pão integral são acompanhados de um teor considerável de fibra e fitoquímicos benéficos, enquanto os presentes no pão branco já não são acompanhados da maioria destes compostos protectores, os quais são perdidos durante o processo de refinação.

A natureza dos hidratos de carbono pode ainda ser de interesse em termos de timing nutricional (para mais informações consulte também o meu blog post intitulado “Nutrição no dia de jogo”).

Ingerir hidratos de carbono suficientes a partir de diversas fontes alimentares (preferencialmente de elevado valor nutricional) vai ajudá-lo a jogar mais e melhor, recuperar depressa e no fundo contribuir para o seu bem-estar.



Tem alguma questão adicional sobre este tema? Será um prazer ajudá-lo(a).


Para aprender mais sovre este tópico e outros de interesse, por favor leia:


Food Guide for Soccer – tips and recipes from the pros (www.nancyclarkrd.com)

Nancy Clark’s Sports Nutrition Guidebook (www.nancyclarkrd.com)

Desejando-lhe a melhor performance de sempre,

Diogo Ferreira, Dietista

Lisboa, Portugal

“Promovendo a melhor saúde e performance através da nutrição”

4 comentários:

  1. Ola Diogo,
    Tudo bom?
    Eu jogo futebol por uma universidade americana, sendo assim moro no campus e nao tenho a opcao de me alimentar a cada 3 horas, como acredito que seja o certo. Alem do mais a comida da cafeteria nao me da uma variedade para suprir minhas necessidades. Notei que aqui tenho menos disposicao para o treino do que no Brasil.
    Eu treino todo dia no campo, fisico e tatico. E faco musculacao todo dia por minha conta, tenho malhado intercalanco 1 mes de resistencia fazendo 4x20 e no outro explosao fazendo 4x10 com maxima velocidade para levantar o peso e retraindo a velocidade ateh a posicao inicial. Considerando tudo isso estava pensando em tomar ribose, pois parece ajudar na explosao e niveis de energia. Glutamina para ajudar no pos treino para recuperacao. E talvez um multivitaminico ou ginseng.
    Gostaria de saber a opiniao de um profissional especialista como vc, se sugere outras maneiras, estou aberto a suas sugestoes.
    Grato desde ja.
    khalil

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  2. Olá Khalil,

    Obrigado pelo comentário.

    É naturalmente difícil para mim recomendar um ou mais produtos tendo tão pouca informação sobre si e seus objectivos.

    Contudo, o melhor suplemento para fazer uma adequada recuperação pós-exercício é um de tipo "weight gainer", que tenha uma composição de Hidratos de Carbono 3 a 4 vezes superior à quantidade de proteína (ex: 70 a 80g HCO para 20 a 25g PRO). Muitas vezes estes suplementos têm já uma quantidade suficiente de Glutamina (3 a 5g/dose), logo não é necessário tomar glutamina adicional.

    Se a variedade alimentar é pouca, então talvez faça sentido apostar num multivitamínico que contenha 100 a 300% das Doses Recomendadas para cada vitamina/mineral.

    Desejando-lhe a melhor performance de sempre,
    Diogo Ferreira

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  3. Olá Diogo meu nome é jonatan tenho 28 anos eu jogo futebol 4dias por semana corro 90 minutos sou fumante Diogo eu queria saber porquer guando eu tou correndo já nos 15 minutos do segundo tempo eu mim esforço um pouco mim falta força nas pernas então eu caio quase toda hora com as pernas cançada eu não tomo nenhuma proteína nada gostaria de saber oque eu faço vc tem alguma sugestão

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